# 0431
Vila Sagrada Esperança
Saurimo, Angola - 2007

A Vila Sagrada Esperança é um plano para o desenvolvimento de um aglomerado urbano de raiz na província da Lunda Sul, em Angola. O objectivo é criar uma estrutura sustentável baseada na identidade da população a que se destina, tendo como ponto de partida um centro cívico como promotor da dinamização e sociabilização, constituído por 3 pólos nucleares: administrativo, educacional e comercial. Foram equacionados pressupostos de ordem espacial, cultural, económica, demográfica, climatérica e geográfica para definir os principais pontos de desenvolvimento do plano. Em primeiro lugar, o alargamento da estrada regional existente, e necessidade da criação de um pólo de saúde composto por um edifício hospitalar com maternidade, prevendo o uso alargado às populações de povoações circundantes. A partir do núcleo central planeou-se a introdução de alamedas com percursos pedonais, que ligam, uma delas, a um quarteirão de actividades de confecção de produtos artesanais, e outra a um museu etnográfico. Junto a este museu propõe-se o edifício da biblioteca, definindo-se assim um pólo de actividades culturais (“silenciosas”) não festivas. Projecta-se ainda uma grande zona para actividades exteriores festivas da qual fará parte um auditório. A inserção de um parque natural a nascente integrará um pólo desportivo, prevendo-se um futuro pólo universitário. Outro pólo desportivo surge, no lado oposto, a poente, com edifício para piscinas e pavilhão desportivo, bem como um campo de jogos ao ar livre. A criação de uma faixa verde de protecção da cidade, junto à estrada regional, define um percurso pedonal acompanhado por uma “cortina” verde, que liga os dois pólos desportivos, podendo funcionar também como circuito de manutenção e ciclovia. A poente, junto da faixa de protecção ecológica e percurso pedonal ao longo do rio projectados, e por isso, mais distante da zona habitacional, implanta-se outro parque natural de uso público, que integrará: divisão de ambiente e espaços verdes (incluindo recolha de resíduos sólidos e centro de prevenção e tratamento de pragas aos mosquitos) e central de recolha de transportes públicos. Ao longo da via principal perpendicular ao rio reservam-se dois quarteirões destinados à Sociedade Mineira de Catoca e aos sócios da Endiama. Foi também equacionada a criação de um cemitério, localizado na zona de transição para a faixa ecológica. Em relação ao planeamento habitacional, contempla-se a projecção de 11 modelos, 10 dos quais inseridos em lotes de 600 m2, e 1 inserido em lotes de 900 m2. Estão contempladas as tipologias T2, T3 e T4, modulares e evolutivas, em moradias de duas, três e quatro frentes. Apesar da variedade de tipologias, criou-se uma linguagem global para que a diferenciação seja o mais escassa possível.